Existem diversas discussões que tentam apontar um caminho para explicar a mente humana. A grande maioria se baseia na simbolização ou no conhecimento para tentar chegar a uma explicação. No entanto, ainda não nos atentamos que uma “explicação” não serve para nada. Uma abordagem operativa que permita uma compreensão e nos ajude com técnicas e ensinamentos é o que devemos buscar. Hoje vamos começar a mostrar a você como a mente funciona, mas para isso, nossa ciência será tanto a do conhecimento, reconhecida, como a ciência da sabedoria, fundamentada na consciência do Real.
A mente é composta por 5+1 agregados. Os agregados são circuitos da mente, que são como grupos que contêm outros grupos compostos de circuitos menores até chegarmos no neurônio biológico conhecido pela neurociência. É como se os agregados fossem grandes subsistemas com várias outras caixas menores até chegar no neurônio biológico.
É importante que você compreenda que todo o seu corpo é a sua mente. Existe uma falsa ideia de que a mente é algo de outro mundo, uma coisa etérea ou de um mundo espiritual. A sua mente é o seu corpo e seu corpo é a sua mente. No entanto, uma coisa realmente faz toda a diferença, alguns neurônios são especiais e nos definem muito mais que outros. Em termos dinâmicos, a mente possui as propriedades do Real, no entanto, até que haja o despertar, uma mente comum expressa as propriedades da realidade em que vive.
Devido a isso, a mente tem propriedades dinâmicas impressionantes que fazem com que muitas pessoas não acreditem que seja possível que estas propriedades dependam do corpo, ou mais precisamente, do cérebro. No entanto, sem querer ser raso e superficial, quem diria que apps tão diferentes entre si possam rodar no mesmo hardware de seu celular?
Essa constatação não diminui em nada o ser humano, mas é de extrema importância para se iniciar o processo de aceitação de que todas as entidades do universo possuem uma mente e estão condicionadas às marcas da existência. A ciência da sabedoria nos traz a consciência, a vacuidade e as marcas da existência. E hoje sabemos que toda vacuidade possui uma mente. Sem a devida experimentação do Real através de práticas, e não dogmas e teorias, este não é um processo imediato. Porém conforme evoluímos nas práticas e ensinamentos vamos compreendendo o universo sem a necessidade das simbolizações do conhecimento, verdades fundamentais, que conforme já sabemos, ao final das contas, não passam de ilusões.
Os 5+1 agregados da mente são: o corpo, a sensação, a percepção, as formações, as causações e a consciência. Vamos explicar mais detalhadamente os 5 primeiros agregados.
Corpo ou forma: o nosso corpo pode ser chamado também de vacuidade. Vacuidade é uma expressão do vazio que possui um continuum causal. Ela representa forma no universo e é a verdadeira natureza das aparências. É na vacuidade, que precede o corpo, que encontramos as ações tensoriais que definem qualquer matéria.
Sensação: Através do corpo possuímos os sentidos, que no caso do ser humano são 5. Esses sentidos são a forma que captamos o Real. As sensações recebem energia de transdução via sentidos ou pulsão, interna a própria mente. Esses sinais que chegam à mente através dos sentidos são o que nos dão a sensação de agradável, desagradável ou neutro. Marcando nosso primeiro preconceito fundamental.
O ser humano, em seu processo histórico de simbolização, fez atribuição do que é agradável à verdade ou correto, e ao que é desagradável à mentira ou errado. Deste ajuizamento nasceu o que se entende do que é a verdade e a mentira, o que é o certo e o errado. Devido a isso cada local do planeta tem suas verdades e mentiras, pois se baseia na experimentação do Real de cada cultura. No entanto, é importante compreender que no universo não existem verdades ou mentiras, isso é uma concepção humana.
Percepção: a percepção possui um filtro denominado atenção, que canaliza a energia recebida. Nela ocorre uma descriminalização simbólica do Real e ela nos permite chegar no que chamamos neurônio ontológico. A percepção isola as ideias e as separa.
Formações mentais: Elas expressam as ligações entre os neurônios ontológicos. Todo Real é expresso através desses neurônios ontológicos e é ligado através das formações mentais. Em termos de baixo nível, os axônios e dendritos, presente nos neurônios, se tocam via sinapse criando uma formação mental. Os neurônios ontológicos, alto nível, possuem o mesmo processo, mas em um nível semântico mais elevado.
Causações: Dado que a sua mente está formada em termos de percepção do Real e formações mentais, através do seu neurônio ontológico, entram em ação as funções tensoriais e pulsionais que forçam a execução de uma causação. Os circuitos de causação são: sentimento, pensamento, ação, emoção e prazer. Esses 5 circuitos são o que nos condicionam e que definem cada um de nós.
Nossa mente é genética e acidental, ou seja, somos definidos pelo meio que nascemos e as escolhas que foram feitas. Tudo que está a sua volta influencia na sua mente, desde pessoas, cultura, sociedade, local onde vive, entre vários outros. Nossos neurônios ontológicos e formações mentais são ajustados de acordo com esses fatores.
Em termos de neurociência, nossos neurônios ontológicos são dinâmicos e estáticos. Estático via nossas formações mentais e dinâmico graças às funções tensoriais e pulsionais. Todos os neurônios ontológicos obedecem a uma função tensorial e uma função pulsional. Essas funções comandam verdadeiramente suas causações, ou seja, tudo que faz com que você sinta, pense, reaja, se emocione ou sinta prazer. Todos os transtornos mentais implicam um funcionamento inadequado de um conjunto específico de neurônios ontológicos.
O relacionamento entre neurônios ontológicos e biológicos não é um para um. Para um neurônio ontológico podem existir centenas ou milhares de neurônios biológicos. Podem ainda envolver interseções, onde um neurônio biológico faz parte de vários neurônios ontológicos. Imagine que alguém beba um alucinógeno, e vamos assumir que nesta pessoa alguns neurônios biológicos pertencem a representação, a nível de percepção, de uma mesa e de um elefante. Pela ativação sem a atenção direcionada causada pelo alucinógeno, você poderia jurar, olhando para uma mesa, que existe um elefante na sua sala.
O ponto central é que o Real não pode ser captado pelos sentidos. O Real é arquitetado de uma maneira muito mais sofisticada do que os nossos 5 sentidos podem captar. No entanto, em termos humanos, o Real é mapeado estaticamente na mente através dos neurônios ontológicos, e dinamicamente, através das funções tensoriais e pulsionais.
A mente então é o mapeamento do Real no corpo e isso foi feito através da simbolização durante a evolução humana. Assim nós temos nossa realidade, que é uma função de interpretação do Real ou também o que chamamos de simbolização do Real. As realidades são subjetivas e cada um possui a sua. No entanto, é nesta função que encontramos os problemas da mente. As ilusões representam inadequações desta função de interpretação do Real. Por outro lado, a correção ou ajuste desta função é a fonte de todo despertar, consciência e sabedoria.
Um ponto muito importante aqui é que o desalinhamento ou funcionamento inadequado desta função implica, em termos biológicos, a produção de mensageiros negativos no cérebro. Ou seja, depressão, ansiedade, fobia, etc. Estes mensageiros negativos, conhecidos na neurociência através dos neuromoduladores, neurotransmissores entre outros são os responsáveis pela sensação desagradável que sentimos e afetam diretamente nossas causações. Ou, no caso inverso, uma adequação desta função, teríamos sensações de paz, bem-estar e tranquilidade.
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Nos vemos em breve
O que é a mente?